Capital SP terá táxi exclusivo para deficientes
28/07/2008
Serão 80 licenças, mas motoristas precisarão investir R$ 25 mil em adaptação
A Prefeitura de São Paulo apresentou na manhã de ontem um modelo dos táxis adaptados para deficientes físicos, que passarão a circular na cidade nos próximos meses. Em um evento no pátio da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) do Ibirapuera, o prefeito Gilberto Kassab anunciou que serão sorteados 80 alvarás de estacionamento para esse serviço, que terá a mesma tarifa dos demais táxis e não poderá ser usado pelo restante da população.
Os táxis especiais serão minivans de passageiros que terão de ser adaptadas. Para cumprir as especificações da Prefeitura, o teto precisará ser aumentado, serão colocados mecanismos para prender os usuários e um equipamento elétrico para levantar as cadeiras de rodas.
A adaptação sairá por cerca de R$ 25 mil e será responsabilidade dos proprietários dos carros. Em princípio, não haverá incentivos da Prefeitura. O secretário dos Transportes, Alexandre de Moraes, diz esperar uma grande procura pelo serviço. "Todo o investimento será recuperado, pois serão 80 táxis para atender a uma grande demanda." Estima-se que São Paulo tenha 1,5 milhão de pessoas com deficiências físicas.
Os taxistas que já possuem alvará poderão participar do sorteio, mas terão de se desligar da antiga ocupação. "Nós não acreditamos que alguém vá migrar para esse serviço. Ele talvez seja viável para uma empresa, mas nenhum taxista vai investir essa quantia em um negócio arriscado como esse", diz o assessor do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo, Giovanni Romano.
O decreto municipal que autorizou os táxis especiais considera ilegal usar os carros para transportar passageiros não deficientes. A fiscalização será feita pelo Departamento de Transportes Públicos (DTP) da Prefeitura e quem descumprir a norma será multado em R$ 3 mil e terá o alvará cassado.
Embora a apresentação do táxi adaptado tenha sido realizada na AACD - que atende 5 mil crianças deficientes por dia - e o pátio estivesse lotado, poucos dentro da instituição sabiam que ali estava sendo apresentado um serviço que pode beneficiar quem necessita de atendimento especial. Quem testou o novo modelo foi a assessora da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) Flávia Vital.
"Se for verdade, será ótimo, já que ônibus e táxis não param quando é um deficiente dando sinal", diz Maria Rita Santos, de 47 anos, que tem um filho com paralisia cerebral. Há mais de uma década, ela sai de sua casa na Vila Gilda e leva o garoto para tratamento na AACD, de duas a três vezes por semana.
A pé, Maria Rita costumava carregar no colo seu filho por 30 minutos por não conseguir transporte. Certa vez, após chegar cansada à AACD, um segurança não deixou que ela entrasse por um portão e exigiu que ela desse a volta. Revoltada, ela chamou uma emissora de televisão que estava no local e decidiu denunciar a situação de quem tem um parente deficiente.
Pouco depois, foi chamada para um então novo programa da Prefeitura, o Atende - que transporta gratuitamente deficientes físicos cadastrados. "Podem dizer o contrário, mas tenho certeza de que fui uma das responsáveis pela criação do Atende." O serviço hoje beneficia 5.400 pessoas por mês.
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