Apesar de entender que o preconceito com pessoas com deficiência tem diminuído o deficiente auditivo Laerte Tavares de Souza diz que as vagas oferecidas a esse público ainda têm, muitas vezes, salário inferior ao de ouvintes. "As pessoas acham que, por conta da deficiência, não temos capacidade de trabalhar, aprender ou entender. Já fui chamado para várias entrevistas, mas com o salário menor do que dos ouvintes, com o mesmo cargo", afirma. Souza, no entanto, não aceitou as condições propostas: "estava dentro da Lei de Cotas e não concordo isso".
Nem por se negar a aceitar remuneração inferior a de ouvintes que Souza ficou desempregado. Depois de passar por empresas como Baxter Hospitalar, Sul America Nacional Seguros e Hipercard Cartões foi contratado pela Deloitte, onde é assistente na área de gestão de riscos empresariais. "Esforço-me no trabalho para mostrar minhas competências, me relaciono bem com os colegas de trabalho e quando não nos entendemos, utilizamos a escrita usando papel, bloco de notas, celular e etc, o que facilita a comunicação", explica.
Para ele, não há impedimento a suas funções. Aos 28 anos, Souza acredita que chegou até este ponto em sua carreira por mérito próprio, com muito esforço, apresentando idéias para melhorar o seu desempenho e a comunicação com os clientes. Atualmente, ele analisa as informações dos clientes para descobrir se há fraudes ou indícios da mesma por meio de indicadores de fraudes pelo padrão de auditoria internacional.
Os projetos são executados com a utilização de ferramentas de Audit Command Language (ACL), Access e Business Intelligence (BI). "Para me comunicar com os clientes internos e externos utilizo e-mail, torpedos e communicator da empresa".