Falta de intérpretes de libras no Detran dificulta retirada de CNH dos surdos
26/07/2010
De acordo com a diretora de Operações do Detran, dos 65 pontos de atendimento do órgão em todo o Estado, só a sede, no Recife, tem funcionários especializados para estes casos.
Em Pernambuco, a falta de profissionais especializados em falar a língua dos sinais nos postos do Detran dificulta o acesso a um direito das pessoas surdas: tirar a carteira de motorista.
O jovem Rafael, por exemplo, dirige em qualquer lugar, dentro ou fora da cidade. A surdez não nunca foi problema, só na hora de tirar a carteira de habilitação, há seis anos. Depois de todo este tempo, quem tenta, continua enfrentando dificuldades, que já surgem nos centros de formação de condutores.
É o que conta o estudante Leonardo Alves, com a ajuda da intérprete, Ana Valença: “falta intérprete que explique na auto-escola. E estudar em casa as palavras é difícil”, conta Leonardo.
Luana Nascimento explica que, no Detran, o tratamento não é melhor. De acordo com ela, faltam intérpretes, muitos funcionários não atendem com atenção e, quando são os psicólogos, a situação é ainda pior: “lá as pessoas chamam, gritam e o surdo não escuta. Precisa que o intérprete venha, pergunte o nome, diga o nome da pessoa, pra que o surdo entenda”.
Ana Valença, que acompanhou a equipe durante a reportagem, é intérprete de libras da Associação de Surdos de Pernambuco e confirma: não é fácil para um surdo retirar a carteira de habilitação em Pernambuco. Mais de cem estão tentando e não conseguem.
“Eu acho que está faltando cidadania e acessibilidade aos órgãos públicos, em relação principalmente a grande barreira que é a da comunicação em relação aos surdos com os ouvintes. A audição dele está na visualização, então o surdo tem o campo visual muito mais aguçado que o nosso”, contou Ana.
De acordo com a diretora de Operações do Detran, Sandra Barbosa, dos 65 pontos de atendimento do órgão em todo o Estado, só a sede, no Recife, tem funcionários especializados para estes casos, inclusive intérpretes que acompanham as provas práticas. Quem não for bem atendido no Detran ou nos centros de formação de condutores deve procurar a ouvidoria.
“A lei é federal, não é favor, não é gentileza, é obrigação legal. Se sentir lesado, eles têm todos os mecanismos que podem fazer as queixas, inclusive ao Detran ou em outras instâncias. A lei é federal, ninguém pode ignorar”, informou a diretora.
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