Metalúrgicas de Osasco cumprem 77,4% da Lei de Cotas

06/03/2012

Um estudo divulgado nesta quarta-feira realizado junto a todas as indústrias metalúrgicas da região de Osasco com mais de 100 funcionários - e, portanto, obrigadas a contratar um percentual de pessoas com deficiência - mostrou que a inclusão de pessoas com deficiência é possível e vem aumentando onde há esforço para isso. Das 1.028 vagas reservadas para o cumprimento da Lei de Cotas, 796 estavam preenchidas em dezembro de 2011, um total de 77,43%.
O número de profissionais com deficiência contratados pela indústria metalúrgica na região de Osasco neste período é 10,71% maior ao registrado no ano anterior, de 2010. Enquanto isso, os postos de trabalho tradicionais tiveram crescimento de 7,74% na comparação ano a ano.
 
"É importante salientar que das 27 maiores empresas contratantes, 25 atendiam a lei de cotas e apenas duas não contratam nem uma pessoas com deficiência. Isso mostra claramente que a inserção de pessoas com deficiência é possível. Não dá para manter o discurso de que não há profissionais disponíveis no mercado", avalia Carlos Aparício Clemente, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região e coordenador da organização pela inclusão de pessoas com deficiência, Espaço da Cidadania.
 
Segundo o estudo, 41,40% das empresas cumpriam totalmente a lei ou contratavam além da previsão legal em dezembro de 2011. Mas 7,0% das empresas não mantinham sequer um trabalhador com deficiência em seus quadros. "Fica claro que é uma questão de envolvimento e vontade da empresa em relação a este tema".
 
Este foi o sexto estudo sobre a Inclusão de Trabalhadores com Deficiências nas Metalúrgicas de Osasco e região, uma iniciativa que une o Sindicato e a Gerência Regional do Trabalho de Osasco. De acordo com Ronaldo Teixeira, coordenador de políticas públicas da Gerência Regional do Trabalho, as empresas que ainda não cumprem a lei já apresentaram um plano de contratação de profissionais com deficiência. Assim, "as expectativas para 2012 são muito positivas", salientou Teixeira. A meta é atingir 90% de cumprimento este ano.
 
O estudo mostrou também que na região de Osasco, onde há seis anos as empresas metalúrgicas apresentam dados de contratação de pessoas com deficiência à Gerência Regional do Trabalho, o percentual de contratação de pessoas com deficiência está acima da média nacional.
 
Enquanto em 2010, apenas 0,98% dos brasileiros com deficiência estavam empregados, de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego, em Osasco e região este percentual alcançava 2,5%. "Acho que este trabalho da Gerência Regional do Trabalho é muito importante e tem mostrado seus resultados", comemora Clemente.
 
Para ele, é preciso espalhar a iniciativa para outros cantos do País: "Há 116 Gerências Regionais do Trabalho que poderiam replicar este trabalho exitoso". A opinião é compartilhada pelo superintendente do Trabalho e Emprego de São Paulo, José Roberto de Melo. Para ele, "a região de Osasco é um exemplo a ser seguido".
 
Melo elogiou também a atuação do sindicato dos metalúrgicos local: "estes números não seriam tão expressivos se não fosse à atuação do Sindicato. Os sindicalistas dão o primeiro passo e colaboram com o Ministério do Trabalho para que as contratações sejam potencializadas".
 
Para Clemente, o resultado positivo é motivo de grande orgulho tanto para os funcionários do Ministério do Trabalho, quanto para os do sindicato e até para as empresas da região. "Aquelas que cumprem a lei de cotas também estão conosco neste momento".
 
Ainda é preciso avançar
 
Os dados positivos e comemorados pelos presentes no evento de divulgação do estudo, em Osasco, só foram interrompidos quando o assunto se voltou para a diversidade da deficiência dos profissionais contratados. Neste ponto, houve um consenso de que é preciso avançar.
 
A série histórica do estudo, de 2006 a 2010, mostrou grande concentração de contratação entre as deficiências físicas e auditivas, com 80% do total de vagas ocupadas no período. Nestes cinco anos, a somatória das deficiências intelectual (mental), múltipla e visual correspondem a menos de 10%.
Em 2011, a situação pouco se alterou: as deficiências física e auditiva representam 76,12% da ocupação de vagas, enquanto as deficiências visual, intelectual e múltipla juntas representam 10,56%.
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